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INDÚSTRIA AÇUCAREIRA EM MOÇAMBIQUE:
O SURGIMENTO DAS FÁBRICAS DE AÇÚCAR

A indústria do açúcar tem sido uma pedra angular da economia de Moçambique desde os tempos coloniais, empregando muitos trabalhadores e ocupando um lugar de destaque entre os sectores de exportação do país.
As raízes da indústria remontam ao final do século XIX, quando surgiram as fábricas de açúcar no centro de Moçambique.
Fundada pelo empresário britânico John Petez Hornung em 1893, a Mozambique Sugar Company estabeleceu a sua fábrica em Mopeia, na margem esquerda do rio Zambeze. A Arriaga & Comandita e o governo da Colónia de Moçambique criaram a empresa Búzi em 1898. A fábrica de Marromeu foi construída em 1902, na margem direita do rio Zambeze, pela Sociedade Açucareira da África Oriental Portuguesa, uma empresa francesa. Em 1910, a fábrica foi adquirida pela Sena Sugar Factory, Limited, propriedade de John Hornung, e em 1920 passou a denominar-se Sena Sugar Estates. Além disso, a fábrica Luabo, fundada em 1922 pela Sena Sugar Estates, iniciou a sua actividade em 1924.

Em 1913, foi criada uma modesta fábrica, a Incomati Estate, junto ao rio Incomati, com uma capacidade de moagem de 50 toneladas de cana por hora (tch).
Esta fábrica foi adquirida por um grupo de portugueses em 1953 e 1954, o que permitiu duplicar a sua capacidade.
Em 1966, outro grupo de portugueses criou a Açucareira de Moçambique, cuja primeira campanha data a 1970.
A família Petiz fundou a Marracuene Agrícola Açucareira (Maragra) no final dos anos 60, iniciando a produção em 1970. A indústria açucareira percorreu um longo caminho desde então.

Os anos 70 marcaram uma época de ouro para o açúcar moçambicano. Novas plantações aumentaram a capacidade potencial de produção, cuja utilização também aumentou. Em 1972, seis plantações de açúcar atingiram um recorde, produzindo 321.000 toneladas de açúcar.
Após a independência, em 1975, surgiram novos desafios. A indústria estagnou devido à fuga de cérebros com competências técnicas e de gestão, à escassez de divisas para importações essenciais e aos efeitos devastadores da guerra. O conflito perturbou a produção, atingiu fábricas e custou milhares de postos de trabalho. Em 1983, Moçambique tornou-se um importador líquido de açúcar. A produção caiu a pique, atingindo um mínimo de 16.000 toneladas em 1996.
O ponto de viragem ocorreu em 1987 com o Programa de Reabilitação Económica e Social (PRES). O governo deu prioridade à indústria açucareira para aumentar as exportações, reduzir as importações e criar empregos. Lançou campanhas para atrair o investimento privado, iniciou a modernização das fábricas e reforçou a proteção da indústria.
O renascimento da indústria açucareira em Moçambique é considerado uma história de sucesso. Após a guerra civil de 1992, o governo embarcou num ambicioso programa de reabilitação e modernização. As vantagens naturais de Moçambique – recursos ricos, solos de qualidade, precipitação consistente e clima favorável dão-lhe uma vantagem sobre os concorrentes regionais.
Os resultados têm sido impressionantes. De 1993 a 2013, a área cultivada com cana-de-açúcar mais do que duplicou, passando de 18.000 para mais de 45.000 hectares. A produção e a moagem de cana-de-açúcar dispararam de 184.502 toneladas em 1992/93 para 3,4 milhões de toneladas em 2014/15.
Esta notável reviravolta mostra a resiliência e o potencial de Moçambique no sector do açúcar. Desde os primórdios coloniais até às lutas pós-independência e eventual ressurgimento, o sector resistiu a inúmeras tempestades. Hoje, é um testemunho do planeamento estratégico, do investimento e da generosidade natural do país.
À medida que Moçambique continua a aproveitar o seu potencial agrícola, a indústria açucareira continua a ser um ponto de referência no seu panorama económico. Com as melhorias contínuas em tecnologia, infra-estruturas e práticas agrícolas, o futuro parece promissor para este sector vital. A jornada da indústria reflecte a narrativa económica mais ampla de Moçambique – uma narrativa de desafios superados e oportunidades aproveitadas na busca do crescimento e da prosperidade.

SITUAÇÃO ACTUAL
Em meados da década de 1990, o Instituto Nacional do Açúcar elaborou uma estratégia de reabilitação, que foi aprovada pelo Governo e que resultou na reabilitação de quatro das seis fábricas de açúcar, através de investimento direto estrangeiro e de empréstimos garantidos pelo Estado. No âmbito deste processo, foi imposta uma sobretaxa flexível sobre o açúcar importado, permitindo a criação de um mercado interno, viabilizando a produção de açúcar em Moçambique e financiando a reabilitação da indústria.
As empresas proprietárias das plantações de açúcar têm investido continuamente no desenvolvimento socioeconómico das regiões onde operam, para complementar o investimento do governo. Estas empresas açucareiras conjugaram os seus esforços para garantir a sua contribuição para os serviços de saúde rudimentares, mantendo uma mão de obra em boas condições de saúde. No sector da educação, construíram novas salas de aula, forneceram alojamento para os professores e cobriram a manutenção geral das infra-estruturas das escolas locais. A indústria açucareira tem contribuído significativamente para o PIB e para o rendimento do sector agrícola desde 2000, registando um crescimento sustentável devido à estabilidade económica e política e atraindo investimentos. Desde 2014, o consumo de açúcar tem-se mantido constante em cerca de 165 000 toneladas, contrariando as tendências dos anos anteriores, caracterizadas por um consumo flutuante.

A colaboração entre o governo e o investimento privado tem desempenhado um papel significativo no reforço e revitalização da indústria açucareira moçambicana no meio de vários desafios. A indústria açucareira tem demonstrado resiliência através de numerosas estratégias, com resultados tangíveis alcançados através de práticas sustentáveis e esforços de conservação ambiental.

SECTOR - CHAVE

A produção de açúcar é uma parte crucial do sector agrícola de Moçambique e desempenha um papel significativo na economia do país. O clima e os solos férteis de Moçambique tornam-no adequado para o cultivo da cana-de-açúcar, e a indústria da cana-de-açúcar tem uma história rica que remonta aos tempos coloniais. Ao longo dos anos, a produção de açúcar sofreu uma transformação e modernização, tornando-se num contribuinte vital para o consumo interno e para as receitas de exportação.

DESENVOLVIMENTO TÉCNICO

A indústria açucareira moçambicana gira em torno da produção de açúcar bruto e refinado, com foco na produção de produtos de alta qualidade para consumo interno e exportação. O país tem numerosas plantações e fábricas de açúcar espalhadas pelas suas regiões, cada uma contribuindo para a produção nacional. Estas explorações agrícolas utilizam técnicas agrícolas modernas e maquinaria avançada para maximizar os rendimentos e a eficiência.

QUALIDADE INTERNACIONAL

As exportações para os mercados regionais e internacionais têm sido um fator significativo no crescimento da produção de açúcar em Moçambique. O país exporta açúcar para vários países em África e não só, e os seus produtos são conhecidos pela sua qualidade e competitividade. O alcance global aumentou as receitas em divisas e a visibilidade da indústria a nível mundial. A indústria de produção de açúcar em Moçambique continua a evoluir, procurando a sustentabilidade e a competitividade enquanto contribui para o desenvolvimento económico da nação.

Apamo

A APAMO reconhece o papel vital das actividades agrícolas na promoção do crescimento económico de Moçambique. O sector de produção de açúcar é dinâmico e crucial para o desenvolvimento sustentável, empregando 80% da população em actividades agrícolas.
A sustentabilidade é fundamental para o crescimento da indústria açucareira e para a conservação do ambiente, não sendo apenas uma opção.
Numa nação onde as disparidades sociais e económicas persistem, as empresas responsáveis têm um papel vital a desempenhar na melhoria das comunidades.
A APAMO incorpora os valores fundamentais da responsabilidade social das empresas, da sustentabilidade e da economia circular. Incentiva os seus membros a envolverem-se com as comunidades em que operam. Esta colaboração ajuda a estabelecer parcerias de longo prazo e assegura que os benefícios do seu sucesso são partilhados equitativamente.
A procura global de produtos finos sustentáveis e eticamente produzidos está a aumentar, e a indústria açucareira moçambicana pode tirar partido deste mercado em expansão alinhando as suas práticas com as normas internacionais.
Ao demonstrarem um compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social, os produtores de açúcar podem atrair investimentos e assegurar oportunidades de exportação lucrativa.